segunda-feira, 20 de agosto de 2012

AGRICULTURA FAMILIAR: SAÍDAS CONTRA O DESABASTECIMENTO ALIMENTAR


Hoje não há como discutir determinado problema restrito apenas a visão local, a micropolítica. A discussão bem fundamentada que pretendo levar à Câmara de Vereadores de Campina Grande é aquela que analisa a questão partindo da visão maior, global, da macropolítica, uma vez que tudo faz parte de um sistema que cujos fatores se interrelacionam não sendo possível compreender determinada realidade sem lançar um olhar sobre esses fatores.

O mundo passa por um processo crescente de desagralização na proporção em que os grandes centros urbanos aparecem inflados com uma população que abandonou o campo por falta de perspectivas abraçando um sonho que, em grande parte, vem a  se tornar pesadelo.

No campo, a indústria de consumo se encarregou de transformar o espaço tradicional em espaço da agroindustrialização baseado na produção técnico científica dando um tratamento padronizado aos produtos de acordo com a boa apresentação para o mercado consumidor. O consumidor é integrante dos 7,3 bilhões de pessoas. Ou seja, esse modelo dá mostras de superação. Qual a conseqüência disso? Aumento da fome e das condições de subnutrição no planeta.

E o que isso tem haver com nossa realidade local? Ao menor sinal de desabastecimento de alimento ocorre a alta de preços, e a economia inflaciona podendo atingir índices jamais vistos. E isto não está fora de cogitação. Pode não acontecer a médio prazo, mas os cenários convergem para essa realidade.

Os agentes públicos devem priorizar em suas agendas de governo a sustentabilidade mais do que nunca e fomentar a agricultura familiar como incremento essencial ao desenvolvimento sustentável, principalmente em regiões como a nossa do compartimento da Borborema, marcada pelo avanço da desertificação do Semi-árido.

Campina Grande possui três distritos e carece de políticas intensivas que apóie, instrumentalize e acompanhe as ações voltadas para a agricultura familiar. Minha proposta é apresentar Projeto de Lei na Câmara para criação de Núcleos Agrotécnicos Sustentáveis Locais nos distritos em parceria com a EMBRAPA-PB. Esses Núcleos irão acolher projetos de extensão universitária de trabalho com comunidades agrícolas, desenvolver projetos-piloto de agricultura alternativa (biodinâmica, agroecologia, orgânicos), capacitação técnica para o manejo sustentável, capacitação técnica para desenvolvimento de cadeias produtivas com vistas ao fomento de emprego e renda, modelos auto-sustentáveis que na França são conhecidos como Systèmes Agroalimentaires localisés (Sistemas Agroalimentares Locais).

Medidas como essas precisam se fazer acompanhar pelo fortalecimento da educação no meio rural. É preciso privilegiar essas áreas com a reestruturação e adequação das escolas já existentes, instalação de Telecentros com capacitação e acesso a Internet, bibliotecas com acervo atualizado com espaços amplos para leituras, divulgação de saberes etc.

Investindo na educação, acesso aos meios e produção de saberes, o jovem da zona rural dificilmente sentirá necessidade de mudar seu convívio para a cidade, já que nesse meio privilegiado a mão de obra capacitada criará as condições para geração de renda através das riquezas extraídas do desenvolvimento sustentável local.

Nenhum comentário:

Postar um comentário