Hoje não há como discutir
determinado problema restrito apenas a visão local, a micropolítica. A
discussão bem fundamentada que pretendo levar à Câmara de Vereadores de Campina
Grande é aquela que analisa a questão partindo da visão maior, global, da
macropolítica, uma vez que tudo faz parte de um sistema que cujos fatores se
interrelacionam não sendo possível compreender determinada realidade sem lançar
um olhar sobre esses fatores.
O mundo passa por um processo
crescente de desagralização na proporção em que os grandes centros urbanos
aparecem inflados com uma população que abandonou o campo por falta de
perspectivas abraçando um sonho que, em grande parte, vem a se tornar pesadelo.
No campo, a indústria de consumo
se encarregou de transformar o espaço tradicional em espaço da
agroindustrialização baseado na produção técnico científica dando um tratamento
padronizado aos produtos de acordo com a boa apresentação para o mercado
consumidor. O consumidor é integrante dos 7,3 bilhões de pessoas. Ou seja, esse
modelo dá mostras de superação. Qual a conseqüência disso? Aumento da fome e
das condições de subnutrição no planeta.
E o que isso tem haver com nossa
realidade local? Ao menor sinal de desabastecimento de alimento ocorre a alta
de preços, e a economia inflaciona podendo atingir índices jamais vistos. E
isto não está fora de cogitação. Pode não acontecer a médio prazo, mas os
cenários convergem para essa realidade.
Os agentes públicos devem
priorizar em suas agendas de governo a sustentabilidade mais do que nunca e
fomentar a agricultura familiar como incremento essencial ao desenvolvimento
sustentável, principalmente em regiões como a nossa do compartimento da
Borborema, marcada pelo avanço da desertificação do Semi-árido.
Campina Grande possui três
distritos e carece de políticas intensivas que apóie, instrumentalize e
acompanhe as ações voltadas para a agricultura familiar. Minha proposta é
apresentar Projeto de Lei na Câmara para criação de Núcleos Agrotécnicos
Sustentáveis Locais nos distritos em parceria com a EMBRAPA-PB. Esses Núcleos
irão acolher projetos de extensão universitária de trabalho com comunidades
agrícolas, desenvolver projetos-piloto de agricultura alternativa (biodinâmica,
agroecologia, orgânicos), capacitação técnica para o manejo sustentável,
capacitação técnica para desenvolvimento de cadeias produtivas com vistas ao
fomento de emprego e renda, modelos auto-sustentáveis que na França são
conhecidos como Systèmes Agroalimentaires
localisés (Sistemas Agroalimentares Locais).
Medidas como essas precisam se
fazer acompanhar pelo fortalecimento da educação no meio rural. É preciso privilegiar
essas áreas com a reestruturação e adequação das escolas já existentes,
instalação de Telecentros com capacitação e acesso a Internet, bibliotecas com
acervo atualizado com espaços amplos para leituras, divulgação de saberes etc.
Investindo na educação, acesso
aos meios e produção de saberes, o jovem da zona rural dificilmente sentirá
necessidade de mudar seu convívio para a cidade, já que nesse meio privilegiado
a mão de obra capacitada criará as condições para geração de renda através das
riquezas extraídas do desenvolvimento sustentável local.
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